Javier por exemplo desistiu da sua vidinha, essa moléstia precisa e mecanicista, sem arte, sem ar e sem tempo para a arte e para o ar, por se sentir equivocado com os propósitos para os quais foi formado e formatado. Só tempo para a vidinha, um chão cheio de coisas novas e velhas que prendem tudo o que lá passa.
Há pessoas que se conformam com isto aliás, vivem convencidas de que a sua luta vale alguma coisa não passando contudo de uma corrida num tambor rotativo ou seja, vivem como ratos numa gaiola alimentando-se, correndo na grande roda e cagando tudo à volta, e levando com a sua própria merda em cima quando esta e o seu dono se encontram em posição de antípodas.
Mas também há outras que não estando preparadas para dar o salto dessa roda desenvolvem uma estranha forma de autismo que lhes permite anuir a todos os rituais da civilização passando no entanto despercebidos. Não é fácil já que têm de ter sempre pronta uma resposta ou um reflexo apropriado.
Há por fim os terceiros, aqueles que saltam da roda assim que podem, tornando-se por conta em risco nos chamados artistas alienados.
Voltando ao Javier, ele sabia que não havia forma de resolver essa sua alienação sem romper em definitivo as escoras daquele chão. E foi o que ele fez num belo dia depois de uma conversa sobre os pampilhos [15].
No comments:
Post a Comment