Tuesday 10 March 2009

[25] Recicladores por convicção

O caso das pessoas que consomem e vivem do lixo urbano não é novo, remonta talvez às primeiras grandes manifestações da sociedade capitalista. Não é de esperar encontrá-la em cidades pouco desenvolvidas.

Este tipo de casos passa-se por exemplo em plena urbe parisiense. Devido ao poder de compra desta sociedade e à subsequente facilidade de alienação dos seus haveres e dos pequenos utilitários domésticos, verifica-se sistematicamente a coexistência de certas pessoas com esse lixo. Além de o reutilizarem, estas pessoas comem algum e requalificam o outro. Pode o leitor achar nauseabundo este comportamento mas, na verdade, o comum mortal da urbe desenvolvida deita fora diariamente alimentos ainda frescos - o frigorífico já está cheio. Outro garante bastante comum, talvez o mais importante, é o lixo resultante de superfícies comerciais como supermercados e hipermercados – nestes obtém-se grandes quantidades de frutas e legumes que não apresentando os índices mínimos de qualidade para estarem numa prateleira, são ainda comestíveis bastando apenas remover a parte imprópria.

Maioritariamente, este procedimento é praticado por mendigos e pelos sem-abrigo mas existem também pessoas com emprego e ordenados razoáveis a praticar estes métodos. Fazem-no porque é economicamente aliciante, encaram-no como um desafio, com uma postura irreverente, moderna e irónica perante a sociedade. É nestes últimos que vamos encontrar Javier, ao fim de uns dois anos de carreira em Paris.

1 comment:

pedragrega said...

A sério? O Javier meteu-se nisso?