Monday, 28 July 2008

[18] Darrel Bubb

Darrel Bubb é um idiota. Não passa de um idiota mas faz parte da equipa dos túneis porque é inteligente. Noutros tempos fez também parte de uma outra equipa, essa de futebol. MFK Freixo era o nome do clube. Jogadores e adeptos auto-intitulavam-se de os Fodidíssimos do Freixo.

Darrel era um galês importado a meio da carreira, uma frágil florzinha de estufa impingida como sendo o melhor de todos os defesas da sua aldeia – essa aldeia da bola com toda a sua chusma de parasitas orbitando por todo o lado, zigezagueando e zumbindo jargões pseudo-técnicos fazendo os possíveis por mostrar ao mundo a importância crucial das suas existências na manutenção do equilíbrio do planeta, ai Jesus que não se pode viver sem isto. Vade retro blasfemo imundo, tu que renegas a esse credo, não guardando os domingos e dias santos dos clássicos e das finais. Queimado sejas por não vestires a camisola e não usares primeira pessoa do plural quando invocas o colectivo. Amaldiçoado tu e todas as tuas gerações mais todos os teus rebanhos. Serás atirado às chamas do inferno por não gritares Amém à obra do teu pastor com todos os teus pulmões. Vinde a mim carneirada crente, tu pastor alemão vai ali à quinta do outro e destrói-lhes a vinha e o celeiro.

Enfim, neste fantástico mundo imaginário, Darrel Bubb que começou por se demonstrar uma nódoa e que acabava lesionado em cada jogo que disputava, acabou por se tornar um líder incondicional que levou o seu colectivo a um honroso quarto lugar, chegando ainda à final da taça. A motivação para a próxima época era elevadíssima. “Agora é que vamos ganhar isto”. Estava tudo muito bem se o inesperado não acontecesse. Terra estranha esta que no dia seguinte deixou de ter futebol - acabou-se a liga e os jogadores da bola ficaram à espera, sentados no balneário. Acabou. Não há mais liga, não há mais circo do esférico. E foi neste clima de tédio que Darrel Bubb acabou por ingressar na aventura da sua vida. Arrumou as botas e disse: Vou fazer uma coisa!

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