Saturday 20 June 2009

[29] La Dance

Ninguém se importou com a chegada dos seres alados. Aceitaram-nos como se fossem convidados de uma grande festa. "Eles que se juntem a nós, que venham, que nos comam até que eu estou-me nas tintas de tão bem que estou". "Que paz, que plenitude". Depois de tantos dias na escuridão, puderam finalmente os exploradores dar descanso às fadigas dos seus corpos e também das suas almas. Partilharam de uma forma desatada as suas maiores dúvidas e faltas cometidas no mundo lá fora e já tão remoto.
"Quem dera que aqui estivesse o darrel bubb!" suspirou catarina, "afinal nem era mau diabo!"
"Agora não adianta lamentares-te. E por esta altura já deve ter atingido o exterior e estará por certo a contar a sua história em algum pub", falou o cigano.
"Pois é!", interrompeu o javier, "e estará a esfregar na cara dos velhos do sopé da montanha [4] a sua proeza, já que eles nos agouraram que quem aqui entrasse nunca mais sairia..."
"Pois. Nós estamos perdidos para sempre mas talvez os dentes de ouro do cigano se safem"
A gargalhada foi geral e a apoteose continuou.
Vieram os seres alados, vultos esvoaçantes que se aproximavam em círculos convergindo para os visitantes. Numa revolução de movimento, roçando as asas macias nas caras dos humanos dançaram e todos rebolaram por ali. Foi o dia em que o céu, ou melhor, um céu finalmente apareceu acima das suas cabeças, um céu que continha os tais seres esvoaçantes - os anjos do mundo interior.

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